O professor precisa acompanhar e estudar as novas tendências, buscando sempre o aperfeiçoamento. “Ele precisa ter uma consciência de formação continuada, ao menos uma ou duas vezes por ano”. A avaliação é da professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Doutora em Educação Ana Maria Petraitis Liblik ao participar, nesta segunda-feira (11), do Curso de Gestão Escolar para futuros candidatos a diretores das unidades da rede pública de ensino de Palmas.
“Por que se não tivermos isso, vamos continuar reproduzindo os modelos já gastos de educação”, ressaltou. No curso, Ana Maria falou sobre “Trabalho em Equipe”. O treinamento, organizado pela Secretaria de Educação, envolve 36 professores e é obrigatório para quem pensa em participar da eleição para novos diretores. A data para escolha dos novos gestores só será definida após a conclusão da atividade.
“Vim para falar sobre trabalho em grupo e tentar sensibilizar os professores, diretores e gestores, para a importância de se preparar para o ensino integral, que deverá entrar em vigor até 2020”, disse a professora. Antes de iniciar sua participação no curso com possíveis candidatos a diretores de escolas da rede pública municipal, Ana Maria atendeu a equipe da Comunicação da Prefeitura de Palmas, e falou um pouco sobre o momento da educação brasileira.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Comunicação Social PMP – Pode falar um pouco sobre sua formação e sua relação com o estudo?
Ana Maria Petraitis Liblik – Fiz minha primeira graduação em Matemática e a segunda em Educação Artística, depois mestrado e doutorado e só agora estou fazendo pós-doutorado na na Universidade São Paulo (USP). Comecei neste mês que passou, então estou bastante feliz. Na verdade, acho que é isso, não da para parar de estudar.
O trabalho em equipe é fundamental para um bom desempenho em sala de aula?
Ana Maria – Vim para falar sobre trabalho em grupo e tentar sensibilizar os professores, diretores e gestores, para a importância de se preparar para o ensino integral, que deverá entrar em vigor até 2020 quando, por força de lei, metade das escolas brasileiras deverão oferecer a educação integral. A previsão, antes da transformação da Educação Básica em Secretaria, mas não sabemos se essa Secretaria continuará falando que, em 2020, metade das escolas brasileiras seriam educação integral e em 2026, 100% das escolas seriam integral.
Ainda existe muito o que se discutir sobre a educação integral?
Ana Maria – Existe muita fofoca, muita conversa paralela e entendimento errôneo do que é a educação integral. Educação integral não é levar a criança para passar oito horas na escola, não é para fazer o que faz de manhã a tarde, ou então fazer coisa boa de manhã e coisa ruim a tarde e vice e versa. A ideia mesmo é ter uma integração de conteúdos com o mundo de hoje e para isso precisamos preparar, não só os professores e os pais ou alunos, mas principalmente os jovens professores e diretores, por que vai sobrar para eles.
A metodologia tradicional ainda atende os anseios de uma educação de qualidade?
Ana Maria – Veja, a metodologia não é o que nos preocupa, pois o professor que tem um olhar mais amplo, dá conta, sendo doutorando ou não doutorando, coisa antiga, coisa velha ou coisa nova, isso não é o que preocupa. O que nos preocupa é quando o professor não vê que deve ampliar seus horizontes, continuar estudando, pesquisando. Ele precisa ter uma consciência de formação continuada, ao menos uma ou duas vezes por ano. Por que se não tivermos isso, vamos continuar reproduzindo os modelos já gastos de educação e daí não muda nada.
A educação integral pode melhorar a formação dos adultos do futuro? O que mudou no conceito da relação sociedade e escola?
Ana Maria – Se a escola pode melhorar? Com certeza, mas a questão não é a educação integral em si, é todo esse processo que não estamos dando conta. A sociedade mudou e está cobrando da escola algo que não é função da escola. A função da escola não é educar e sim instruir. A educação tem que vir de casa e as famílias abriram mão dessa prerrogativa. Então, elas não querem mais isso, querem que a escola assuma toda essa responsabilidade. Transferem para o professor.
E quais os reflexos disto tudo?
Ana Maria – O que ninguém está pensando e que essas famílias não estão vendo é que se transferirem isso para o estado, o estado vai ter autonomia de fazer o que quiser. Se o estado tiver a autonomia de fazer o que bem entende nesse sentido, por mais responsabilidade que os professores tenham, essa é uma diretriz nacional. Então, como isso vai funcionar? Não sabemos, a nossa intenção na universidade é capacitar o professor como podemos, com o que pode ser feito e o que pode ser feito não precisa ser na escola integral, pode ser na escola regular e assim por diante. Mas vamos continuar tentando, uma hora a gente acerta.