O próximo dia 27 de janeiro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (Janeiro Roxo). O Ministério da saúde preconiza sempre o último domingo de janeiro e reforça o compromisso em controlar a hanseníase, promover o diagnóstico e o tratamento corretos, difundir informações e desfazer o preconceito.
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae, sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada. Estima-se que 90% da população tenha defesa natural contra o M. leprae.
A doença costuma evoluir lentamente e pode levar até 20 anos para que sinais e sintomas da infecção sejam detectados, atingindo pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado à capacidade de penetração do Mycobacterium leprae na célula nervosa e sua capacidade de estimular a resposta imune no hospedeiro.
Modo de Transmissão
O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que não esteja em tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior infectando outras pessoas suscetíveis.
A principal via de eliminação do bacilo pelo doente e a mais provável via de entrada deste no organismo são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), através de contato íntimo e prolongado, muito frequente na convivência domiciliar. Por isso, o domicílio é apontado como importante espaço de transmissão da doença. A hanseníase não é de transmissão hereditária (congênita) e também não há evidências de transmissão nas relações sexuais.
Sinais e sintomas
•Manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade (a pessoa sente formigamentos, choques e câimbras que evoluem para amortecimento – a pessoa se queima ou machuca sem perceber).
•Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose);
•Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local;
•Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos;
•Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas aéreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, maÌos e peÌs;
•Diminuição e/ou perda de força nos muÌsculos, onde passam estes nervos; principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, paÌlpebras;
•Edema de maÌos e peÌs com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele;
•Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito;
•Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores);
•Entupimento, feridas e ressecamento do nariz;
•Ressecamento e sensação de areia nos olhos;
De acordo com Marilde Bueno, Chefe da Vigilância Epidemiológica, as lesões da hanseníase geralmente iniciam com hiperestesia - sensação de queimação, formigamento e/ou coceira no local, que evoluem para ausência de sensibilidade e, a partir daí, não coçam e o paciente refere diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, a dor e/ou ao tato - em qualquer parte do corpo.
O tratamento da hanseníase é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A duração do tratamento é de seis meses a um ano. Marilde destaca que é de fundamental importância seguir rigorosamente o tratamento prescrito pelo médico, pois ele é eficaz e permite a cura da doença caso não seja interrompido e que já na primeira dose do medicamento garante-se que a bactéria não é transmitida a outras pessoas. Os pacientes e seus comunicantes são acompanhados durante cinco anos.
Os números da última análise realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2016, relataram mais de 200 mil novos casos de hanseníase a cada ano, sendo que mais de 12 mil pessoas sofreram deficiências graves.
Cerca de 94% dos casos notificados concentram-se em 13 países, sendo que o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking com o maior número de casos, ficando atrás apenas da Índia.
Números em Palmas
Cenário de Palmas neste contexto:
2013 = 02
2014 = 04
2015 = 01
2017 = 01
Lucimary da Luz Costa, Coordenadora da Atenção primária orienta a população que ao apresentar qualquer um dos sintomas descritos acima, devem procurar a Unidade de Saúde mais próxima de sua residência, em qualquer mês do ano. Salienta que todos os enfermeiros estão capacitados para fazer os testes de avaliação sensitiva, que é um recurso muito útil para o auxílio ao diagnóstico da hanseníase.
Lucimary salienta que as sequelas da hanseníase podem deixar marcas físicas e psicológicas, ocasionadas pela exclusão social do paciente, pelo fato de afetar os nervos periféricos, a mobilidade e coordenação motora são comprometidas, levando inclusive a incapacidades irreversíveis e destaca a importância do diagnóstico e tratamento precoce.