As seguidas frustrações de safra, por razões climáticas, e o endividamento cada vez maior do setor, fizeram com que produtores de maçãs de Palmas, no Paraná, se unissem aos fruticultores dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul para buscar a intervenção do governo federal para ajudar o segmento. Os três estados juntos produzem toda maçã consumida no país, e são os principais produtores do fruto no mundo.

Em agosto o vice prefeito de Palmas, Dr. Gilberto Almeida e o diretor do Departamento de Agricultura co município, Rodrigo Keppen, participaram de uma reunião com a ministra Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, solicitada pelo deputado federal da região, Osmar Serraglio, num encontro que contou com a presença de representantes da bancada federal de Santa Catariana e do Rio Grande do Sul, para discutirem o assunto.

De acordo com Keppen, na oportunidade também foi conversado sobre a necessidade do seguro agrícola. “Os produtores do Sul chegam a colher mais de 1,3 milhão de tonelada por safra, quando o clima contribui. O cultivo da maçã tem um custeio muito alto, girando em torno de R$ 16 mil por hectare. Entretanto, nos últimos anos, fatores climáticos vem sistematicamente dificultando a produção, acumulando prejuízos”
Rodrigo explica que o seguro agrícola que existia foi direcionado para cobrir os gastos na cultura do trigo deixando os produtores de maçã desprotegidos do subsídio. “Hoje são necessários cerca de R$ 600 milhões para atender os produtores dos três estados do Sul. Sem a ajuda e o incentivo do governo federal não há como manter a produção”, afirma o diretor.

Em setembro, os maleicultores dos três estados do Sul se reuniram em Vacaria, Rio Grande do Sul, para debaterem a situação. Do encontro saiu a Carta de Vacaria, onde todos os setores envolvidos traçaram um diagnóstico contendo a real situação dos produtores e as reivindicações apontando as soluções.

O documento ressalta a importância da cultura como característica relevante para a economia nacional e seu desenvolvimento econômico, sobretudo no meio rural. Conforme o texto, a maleicultura cria 150 vezes mais empregos numa mesma área, do que a cultura de grãos.


A Carta de Vacaria sugere, como medidas imediatas para o fortalecimento do setor, a consolidação e recalculo das dividas de longo e curto prazo. Serão necessários R$ 350 milhões em investimento e R$ 250 milhões para custeio e comercialização. Os produtores fazem também propostas de refinanciamento com taxas de juros limitadas em, no máximo 6,75% ao ano e prazo total de 144 meses, sendo dois anos de carência e pagamentos de juros anuais.

Além disso, o documento pede a prorrogação do vencimento da Linha Especial de Crádito (LEC), de seis para doze meses; a ampliação do limite de contratação do custeio e solicita um valor de R$ 16 mil por hectare (proporcional à área plantada). Outro dado relevante para os produtores é a subvenção ao prêmio de seguro agrícola. Eles pedem que seja fornecido um complemento estadual de 20% do valor do prêmio e o pleno acesso dos pequenos, médios e grandes proprietários, ao seguro.

A Carta de Vacaria, contendo as reivindicações dos produtores de maçã, foi assinada por todos os participantes do encontro e será agora encaminhada aos órgãos federal e estadual. A reunião contou com a presença dos representantes do Ministério da Agricultura e as superintendências federal do órgão, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também compareceram os representantes do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), as superintendências do Banco do Brasil catarinense e gaúcho, BADESUL, representantes de parlamentares e prefeituras dos três estados, sindicatos e federações rurais.

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