“A Equoterapia é uma tratamento muito efetivo, tanto a prática quanto a literatura tem nos apontado isso". A afirmação é do médico veterinário e Major do Regimento da Polícia Montada Coronel Dulcídio, Márcio Stang da Cruz, que ministrou palestra, na última quinta-feira (19), como preparativo para implantação do Programa de Equoterapia em Palmas, no Sudoeste do Paraná.

"Ela (Equoterapia) é extremamente recomendada para todos os gêneros, idade, tipos de patologia, e é um tratamento adjunto que é agregado a uma gama de outros tratamentos para ajudar o paciente”, frisou Major Cruz. Em entrevista à Comunicação Social da Prefeitura, o oficial ressaltou a importância do tratamento com cavalos e benefícios à saúde de portadores de necessidades especiais e com distúrbios psicológicos.

Major Cruz trabalha com a Equoterapia desde que o projeto foi implantado, em 2004, e hoje é responsável pela formação de novos policiais e o planejamento das atividades da Polícia Montada. Segundo ele, a PM dará todo o suporte para implantação do programa em Palmas. A próxima etapa é treinar, em Curitiba, uma equipe multidisciplinar, que vai ministrar o tratamento na cidade.

A seguir os principais trechos da entrevista:

Comunicação Social da Prefeitura - Qual o impacto na saúde de uma pessoa, com necessidades especiais, quando começa a fazer esse tratamento?
Major Cruz - Quando a pessoa começa a atividade de Equoterapia, os avanços dependem muito do histórico dessa pessoa. Tudo depende do tipo de patologia, a situação psicológica, se é um transtorno físico ou comportamental, se a pessoa tem um problema muscular ou de ordem psicológica.

Com o ser humano, se trabalha com o conceito holístico, se a pessoa tem um problema de ordem física e começa a evoluir isso se reflete no psicológico. E quando o problema é psicológico também reflete no físico, por exemplo, se a pessoa está com depressão, não quer sair de casa, começa a ter uma atitude mais sedentária e, por causa do tratamento, todos os problemas em decorrência dessa depressão começam a desaparecer.

Além de Curitiba, tem alguma outra cidade que possui esse programa?
Major Cruz - A região do Sudoeste é a primeira a implementar esse tipo de tratamento. Guarapuava está com um programa muito interessante de Equoterapia, mas não é ligado ao Regimento de Polícia Montada. Nós estamos ampliando as atividades de Equoterapia nas nossas Cavalarias do interior do Paraná, então Palmas é uma das contempladas. Nós teremos agora no Regimento de Polícia Montada de Cascavél e Londrina.

O cavalo é o mais indicado para fazer esse tipo de tratamento?
Major Cruz - O cavalo é precursor nesse tipo de tratamento. Nós do Regimento só trabalhamos com Equoterapia - Equo de cavalo e terapia de tratamento - especificamente com esses animais. Mas há estudos já comprovados e em termos práticos também, que tratamentos com outros animais apresentam bons resultados, como é o caso do tratamento com cães, chamado cinoterapia, e alguns estudos nos Estados Unidos também comprovam bons resultados com focas e golfinhos. A Equoterapia, com o uso de cavalos, remonta desde a época dos gregos, na Grécia Antiga, como uso de tratamento.

Por que o cavalo é o mais indicado?
Major Cruz - A indicação do uso do cavalo se dá pela semelhança com o movimento de deslocamento do ser humano. Esse é um conceito chamado de movimento tridimensional, o que quer dizer que, ao se deslocar, um ser humano faz um movimento para frente e para trás, para esquerda e para direita, para cima e para baixo, e o cavalo faz esse mesmo movimento, mas amplificado. Então, dependendo da patologia, esse movimento pode auxiliar na reabilitação de pessoas que tenham algum comprometimento motor.

Quanto demora para adestrar um cavalo para trabalhar com a Equoterapia?
Major Cruz - O cavalo de Equoterapia tem que ter um perfil comportamental, ele precisar ter um temperamento fleumático. Animais de temperamento fleumático seriam animais mais calmos, mais tranquilos. E nesse perfil se encaixam algumas raças e animais que poderiam trabalhar com essas especificações.

Um animal fleumático, por exemplo, é um brasileiro de hipismo, mas esse animal tem 1,65 metros em média e então não cabe para as atividades de Equoterapia propriamente dita. Entretanto, dentro de um dos programas de Equoterapia ele se encaixa, que é programa pré-esportivo e esportivo, então depende do programa.

A hipoterapia, que é um dos programas da Equoterapia, já não se encaixa, pois precisa de uma auxiliar guia, um fisioterapeuta para acompanhar, pois o profissional pode adquirir algum tipo de lesão por aumentar a angulação do braço em relação ao dorso do animal. Então pressupõe-se um animal de menor estatura e de perfil fleumático. Animais de perfil sanguíneo como o crioulo, o puro-sangue inglês, o lusitano, o holsteiner, animais conhecidos como warm bood, sangue morno, são excepcionais para as atividades.

Qual a sua experiência com a Equoperapia?
Major Cruz - Trabalho com Equoterapia desde 2004, fui coordenador por 13 anos do Centro de Equoterapia e depois, devido à evolução da carreira, me afastei e estou hoje no planejamento das atividades do Regimento de Polícia Montada, em aplicação operacional e instrução de formação de novos policiais, dentro desse projeto entra a Equoterapia. Então, sou um dos coordenadores, mas de um nível mais afastado.

DESTAQUES:

"(...) se a pessoa está com depressão, não quer sair de casa, começa a ter uma atitude mais sedentária e, por causa do tratamento, todos os problemas em decorrência dessa depressão começam a desaparecer"

"Animais de temperamento fleumático seriam animais mais calmos, mais tranquilos. E nesse perfil se encaixam algumas raças"

"A Equoterapia, com o uso de cavalos, remonta desde a época dos gregos, na Grécia Antiga"