A prefeitura de Palmas pensando em trazer apresentações artísticas onde todos possam apreciar a arte, promoveu o IV Fórum Municipal de Cultura em Palmas, que iniciou na quinta-feira (11) e se estendeu até o próximo domingo (14), tem seu foco principal em levar ao público nuances diferenciadas sobre a cultura em seus vários aspectos, tanto é que, tem uma gama diferenciada de apresentações. E na abertura, na quinta-feira isso ficou explícito, através da Escola Municipal de Artes, Coral Municipal Campos de Palmas, da Escola de Ballet Mônica Pontes, desenvolvendo movimento clássico e dança clássica. E ao concluir essa primeira etapa, a apresentação da Peça Teatral Memórias do Oriente, apresentada pelo grupo Gayatri, com a participação de 19 atores, que prendeu a atenção do público formado por professores, alunos e comunidade em geral que estiveram no Salão Nobre do CPEA.

Ao conceder entrevista exclusiva, o escritor e diretor da peça, Leandro Matzenbacher Dourado, explicou que o enredo é baseado em um laboratório teatral, principalmente porque as apresentações estão sendo feitas a mais de cinco anos quando participaram do Festival de Arte da Rede Estudantil (FERA), promovido pelas escolas estaduais, e na época os alunos eram amadores, hoje são profissionais. “A peça trata das memórias de um oriente perdido que misturou as linguagens do teatro, da dança, do circo, buscando se apropriar de uma linguagem Raikai, do autor Paulo Leminski, onde eu agrego minha parte textual”.

Ele completa que a peça é um sanatório onde os loucos tentam buscar o sentido da loucura. “Sendo que, no palco os atores fazem diversas performances, é um pout-pourri de acontecimentos, que só emite uma lógica quando acaba. Os atores tiveram um trabalho intenso com a parte corporal dando ênfase às artes marciais, teatro da dança e do circo. Teatro é a soma do dom e aprendizagem”, concluiu.

O evento é uma promoção das Divisões de Cultura e Turismo da prefeitura de Palmas, onde estão à frente Vera Lucia Santos Andrade e Ana Luce Ferreira, respectivamente. Elas declaram que o IV Fórum Municipal de Cultura superou a expectativa tanto a nível das apresentações artísticas, como na participação dos professores, alunos e comunidade em geral. Salientam também que o sucesso deve-se as parcerias com o departamento de Educação, Sesi, Senai, Casas Pernambucanas e Academia Palmense de Letras. Elas convidam a todos para que participem dos vários eventos que irão até o próximo domingo.

Apresentações na sexta-feira
A manhã começou de uma maneira brilhante e diferenciada no CPEA com a apresentação de violinos e flautas da Escola Municipal Nascer para Arte. E, em seguida uma palestra com o professor Carlos Paixão, abordando o tema “Educação e Diversidade Étnico-racial”.
Paixão descreveu que a temática educação, cultura e diversidade étnico racial, a algum tempo as escolas já estão tentando trazer para o currículo, mostrando a presença dos povos que vieram construir o país. “Anteriormente trabalhava-se com o negro, a partir da escravidão e não trazíamos antes de serem escravizados e as contribuições que deram para a humanidade. Vamos trabalhar um pouco mais, especialmente sobre a cultura negra do Brasil, hoje representa uma população de mais de 50% da população brasileira, segundo o IBGE”.

O professor também destacou outro fator importante, pois Palmas tem três comunidades quilombolas que representa toda a história do povo africano e o que trouxeram para a construção do país. “A escola precisa se configurar como um espaço livre de qualquer preconceito, e para isso é fundamental que os estudantes tenham os conteúdos positivos referentes a este assunto”, assinalou.

Lançamento do livro
A escritora Maria José Bauer que faz parte da Academia Palmense de Letras fez o lançamento da obra José de Araújo Bauer, “Páginas da Vida de um Campeiro”, no IV Fórum Municipal de Cultura. Ela recebeu várias homenagens, incluindo dos membros da Academia Palmense de Letras, Eloina Ribas Rodrigues, Eloisa Josefina Varaschin Lustosa, Lucy Salete Bortolini Nazaro e de seus familiares.

Em sua exposição sobre a obra, a autora acrescentou, o livro, é uma homenagem ao centenário de seu pai, José de Araújo Bauer que nasceu em 1911 e veio para Palmas com apenas oito meses. “Embora o livro focalize a vida pessoal, familiar e a atividade campeira que ele desenvolveu, em Palmas e Água Doce (SC), não trata apenas de sua pessoa, mas sim, da história do município. E, em abril de 2004, José, expressou o desejo de escrever seu 2º livro, destinado aos seus descendentes”, lembrou ela, e também disse que José deixou registrado as primeiras anotações que foram interrompidas devido a enfermidade que o acometeu, e depois seu falecimento em dezembro de 2007.

Porém, para dar continuidade ao trabalho, sua filha, professora Maria José em conjunto com seus irmãos deram continuidade ao livro. “Se ele estivesse escrito sua autobiografia, por certo, o conteúdo não seria o mesmo, mas sim, uma retrospectiva passo a passo com lutas e suor, em quase um século de vida, nas nove décadas e meia de sua existência gravada com sua maneira personalíssima de contar. Eu, no entanto, tentei escrever sob meu olhar de filha e contei para isso com o apoio dos meus irmãos e com os documentos deixados que traçaram o perfil, sobre tudo humano, fazendo um resgate histórico”.

De acordo com o que afirmou Maria José, um dos um dos motivos que a levou a escrever essa obra foi pela admiração da trajetória de seu pai, que começou aos 13 anos como trabalhador braçal e desenvolveu atividades voltadas a lida do campo e depois chegou a condição de proprietário de terras graças a seu próprio esforço e espírito de luta sem prejudicar quem que ser que fosse.

Contestado
Em uma das palestras, o historiador Vicente Telles fez um retrato fiel da Guerra do Contestado. Utilizou-se de outros mecanismos, como uma gaita e uma apresentação artística para levar ao público toda a grandeza desse movimentou que no ano que vem completa seu centenário. Palmas foi importante cenário na batalha do Contestado, fato este ocultado por alguns historiadores.

Cine Casas Pernambucanas
Outro atrativo que chamou a atenção das pessoas foram às apresentações de vários filmes com diferentes temas, em diferenciados horários. E também com um diferencial, os filmes eram apresentados em um caminhão com capacidade para 92 lugares. Também foram servidas as pessoas pipocas e refrigerantes, antes do início da sessão. O cinema itinerante como é conhecido teve uma excelente aceitação pelo público. É uma promoção das Casas Pernambucanas.

Parceiros: Prefeitura de Palmas, Divisões de Cultura e Turismo, Deptº de Educação, Sesc, Sesi, Academia Palmense de Letras e Pernambucanas.