A Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima encerrou, na manhã quinta-feira (23), o projeto de diversidade cultural, para levar a cultura afro no contexto escolar de Palmas, no Sudoeste do Paraná. A intenção é abordar questões de se valorizar e compreender um pouco mais sobre os costumes e beleza da cultura afro-brasileira.

O projeto contou com palestras, dança e oficinas de confecções das bonecas de pano Abayomi, feita de nós. Os trabalhos começaram com a professora Maria Isabel Farias ressaltando a importância da cultura afro, seus costumes, crenças, danças e cantos.

A Escola também disponibilizou uma oficina para crianças do 2º e 3º ano do ensino fundamental, sobre a confecção e a história da Boneca Abayomi, símbolo de resistência, tradição e poder feminino. "Foram momentos muito gratificantes e de muito aprendizado, as crianças ficaram estasiadas e se divertiram muito fazendo a bonequinha, disse a professora Maria Isabel.

Histórico
Os primeiros capítulos da história envolvendo a Boneca Abayomi são datados de antes do século XIX e se passam dentro dos navios negreiros ou tumbeiros, como também eram chamadas as embarcações que traziam para o Brasil, escravos negros vindos da África.

O episódio narrado a seguir se repete ao longo dos séculos: Sebastiana estava amontoada, junto dos filhos, em um compartimento pequeno e sem luz, como eram os “cômodos” oferecidos para os escravos dentro dos navios. Já incomodada com a fome, a sede e a sujeira, ela quis entreter as crianças.

Pegou a barra da saia, puxou com força e arrancou uma tira de pano. Deu um, dois, três, quatro, cinco nós. Estava pronta a Abayomi — a boneca de nó. Nascia ali o artesanato que atravessa gerações e conta um pouco da cultura africana.

Na essência, as bonecas de nós representam a cultura negra, a mitologia, a crença. Depois de produzidas nos navios, eram levadas para as senzalas, onde os negros, já como escravos, usavam como amuleto em troca de proteção, sorte, saúde e prosperidade.

Como na época os recursos eram poucos, a boneca saía sempre da mesma cor, sem muitos enfeites. Sem cola, costura ou qualquer tipo de suporte, a abayomi ajuda a contar parte desta história.

Abayomi vem da língua Yorubá (falada no continente africano) e significa “meu presente”. Na prática, são as bonecas de estética magra, originalmente negras. Normalmente, variam de 2 centímetros a 1,20 metro. São confeccionadas sem cola ou costura, somente com a força dos dedos, para garantir um nó firme.

Quem domina a técnica costuma usar restos de tecidos e malhas. O acabamento pode ser feito com miçangas, fitas coloridas e bordados. Segundo a professora, soltar a imaginação é que manda na hora de montar a boneca. “O importante é ter calma e zelo na confecção, a missão da boneca é correr o mundo com sua história e com a carga de cultura africana impregnada nos tecidos”, diz Maria Isabel.